Museu de Arte Contemporânea do Ceará abre com itinerância da 35ª Bienal de São Paulo no dia 10 de setembro 

Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a mostra gratuita apresenta ao público os trabalhos de catorze participantes nacionais e estrangeiros em torno do título: coreografias do impossível.


Em setembro, Fortaleza receberá mais uma itinerância da Bienal de São Paulo, que este ano chega à sua 35ª edição, com o título coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a itinerância será aberta no dia 10 de setembro, às 18h, marcada por cerimônia na Varanda dos Museus e vernissage no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (com entrada pela Av. Presidente Castelo Branco S/N, esquina com a Rua Almirante Jaceguai). O acesso é gratuito. 

Vista de obras de Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC durante a 35ª Bienal de São Paulo. 08/11/2023 © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Após a abertura, a mostra permanecerá em cartaz até o dia 10 de novembro, com visitas gratuitas de quarta a sexta, das 9h às 18h, e das 13h às 18h aos sábados e domingos, sempre com último acesso às 17h30. A exposição dispõe de recursos de acessibilidade sensorial, tais como audioguia, Libras, leituras em áudio, impressões em fonte ampliada, Braille, mapa tátil, leitura fácil, handtalk e interação tátil.

 A  35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível lança um olhar poético sobre as complexidades e urgências do mundo contemporâneo, estimulando seus visitantes a refletir sobre questões sociais, políticas e culturais. Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel assinam a curadoria, que para a itinerância em Fortaleza reúne trabalhos de Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU (Movimento dos Artistas Huni-Kuin), Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nontsikelelo Mutiti, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich. 


Artistas e obras

      Entre os artistas que integram a coletiva, o amazonense Denilson Baniwa, em Kwema [Amanhecer], conjuga resistência, pertencimento e beleza. Com o conjunto de trabalhos Kaá, Itá e Tatá, faz referência às práticas ancestrais dos povos Baniwa face aos ataques mitológicos e estruturais enfrentados por sua comunidade. Cada um dos trabalhos é realizado em parceria com a educadora e liderança indígena Jerá Guarani, Aparecida Baniwa e a pesquisadora Francineia Baniwa. 

O também amazonense Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, é homenageado com obras que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral.

durante a montagem da 35a Bienal de São Paulo. 03/09/2023 © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

Também são exibidas peças da jamaicana Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade, explorando binários que se opõem e se constituem mutuamente.

durante a montagem da 35a Bienal de São Paulo. 02/09/2023 © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

A mostra também inclui o trabalho de Katherine Dunham, pioneira da dança moderna, com registros em vídeo da pesquisa da coreógrafa sobre ritmos e gestualidades na região do Caribe, entre 1940 e 1960. 

No filme Shakedown (2018), Leilah Weinraub documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles, que resulta num filme-experiência íntimo, ousado e celebrativo da lesbiandade afro-americana.

O coletivo MAHKU, formado pelos artistas Ibã Hunikuin, Kassia Borges Karaja, Acelino Hunikuin, Bane Hunikuin, Mana Hunikuin, Itamar Rios, Yaka Hunikuin e Cleudo Hunikuin apresenta pinturas que trazem traduções visuais dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. 

A artista visual e educadora Nontsikelelo Mutiti, que assina a concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, promove um mergulho nos significados das tranças e dos cabelos como um dos elementos da diáspora africana que carregam não só sentidos políticos e estéticos, mas subjetivos, que dizem muito sobre o cotidiano, as experiências e da história das pessoas negras na diáspora. 

No Álbum de paisajes, tipos humanos y costumbres de Bolivia [Álbum de paisagens, tipos humanos e costumes da Bolívia], produzido nos primórdios da República da Bolívia, são apresentadas as aquarelas pintadas por Melchor Maria Mercado durante suas viagens pelo território boliviano, agora exibidas fora do seu país natal.

Os diferentes formatos dos trabalhos da dupla Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed constituem um espaço expandido das artes e das tradições orais das comunidades Amazigh do norte da África, remetendo a uma praça central, lugar de encontro e relação. 

No projeto Maramataka: The Stellar Lunar Calendar. De-colonising Time [Maramataka: O calendário estelar lunar. Decolonizando o tempo], de Nikau Hindin, junto a um grande aute (tecido obtido a partir de um longo processamento da casca da amoreira) suspenso, há um conjunto de cartas celestes que descrevem em trezes meses lunares o ano maori em curso. Se antes esses mapas serviram para orientar os sistemas de navegação e colheita, hoje eles ressurgem como contraponto à noção ocidental, linear e progressiva do tempo. 

Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, também marca presença com o filme Meditation on Violence [Meditação sobre a violência] (1948), que explora a dança e a temporalidade.

A itinerância de Fortaleza será a única a receber o coletivo Cozinha Ocupação 9 de Julho, do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), que desde 2017 atua em uma ampla rede multidisciplinar, com políticas de redistribuição, lixo zero e uma grande preocupação com segurança alimentar, dando visibilidade à luta por moradia em São Paulo.

Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich apresentam o filme Conspiracy [Conspiração], obra que, através de sobreposições de ferramentas, vocalizações e cenas que irrompem a linearidade e a sequencialidade cinematográfica, reforça as redes de solidariedade produzidas secularmente como espaços de insurgência das mulheres negras e feministas nas diásporas africanas, suas múltiplas configurações, estratégias e chaves coletivas.

Por fim, Vidas proibidas, com fotografias de Rosa Gauditano, ganhou na 35ª Bienal a sua primeira exposição. A série traz registros de comunidades lésbicas em São Paulo na década de 1970, ainda no período da ditadura militar, que, com a luta pela liberdade sexual, resistência e o orgulho, fez frente aos anos de repressão.


O Ceará no circuito das Artes Visuais

Fortaleza foi uma das catorze cidades escolhidas, sendo 11 brasileiras e três estrangeiras, para receber a circulação da mostra, sucesso de crítica e público no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, em São Paulo. A presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Andrea Pinheiro, afirma sua satisfação em ver a capital cearense, sua terra natal, receber a itinerância pela terceira vez: “Trazer a 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível para esse lugar emblemático reforça a conexão entre a Bienal e a cultura cearense, estabelecendo novas pontes com o público e o cenário artístico local”, comenta. 

A gestora do MAC-CE, Cecília Bedê, reforça: “Ao longos dos seus 25 anos, o MAC-CE tem realizado um intercâmbio de exposições de diferentes tipologias e conceitos, sendo espaço vital para a pujante produção artística cearense e para a circulação de mostras nacionais e internacionais. Em 2017, o Museu recebeu a itinerância da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza viva. Receber pela segunda vez uma itinerância da Bienal de São Paulo, uma das iniciativas mais relevantes do circuito mundial das artes, legitima essa trajetória e consolida a relevância desse espaço no fomento do pensamento crítico e do fazer artístico.” 

A superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Helena Barbosa, complementa: “A acolhida dessa potente itinerância torna ainda mais especial para nós esse momento, na medida em que a temática desta 35ª edição dialoga com a ancestralidade do Dragão e a sua atuação de fomento ao pensamento crítico, ao lançar mão de poéticas para insurgir com questões urgentes da contemporaneidade, e com isso elastecer limites institucionais e curatoriais.”.

Ações educativas

Durante o período expositivo, serão realizadas ações de arte educação pelos núcleos educativos do MAC-CE e da Fundação Bienal de São Paulo.

Abrindo a agenda em setembro, no dia vernissage, 10 de setembro,  às 19h, os visitantes do MAC-CE poderão participar de um percurso conduzido pela equipe educativa da Bienal na mostra itinerante. O trajeto destacará o trabalho de artistas como Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Denilson Baniwa e Rosa Gauditano, quando serão abordadas questões como direito à moradia, presença, luta e reconhecimento dos povos indígenas e espaços de convivência de coletividades lésbicas.

No dia 12, a partir das 16h, os educadores Bruna de Jesus e Danilo Pêra, que compõem o núcleo educativo da Bienal, orientam nova visita pela mostra, propondo diálogos com os trabalhos de artistas como Denilson Baniwa, Katherine Dunham, MAHKU e Rosa Gauditano, com os gestos-ações poéticas/pedagógicas por meio de reflexões, expressões e experiências nas possibilidades de escritas, reescritas, rasuras, oralidades e imaginações radicais laborados pela equipe de educação da Bienal de São Paulo. 

No mesmo dia, às 19h, os educadores Bruna de Jesus e Danilo Pêra realizam uma roda de conversa sobre o panorama da arte educação em São Paulo e no Ceará.

 


Sobre a 35ª Bienal de São Paulo

A itinerância em Fortaleza da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível  é fruto de parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por meio do Museu de Arte Contemporânea do Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). É apresentada pelo Ministério da Cultura, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, e o Itaú, e tem assinatura da J.Macêdo. 

Sobre a Fundação Bienal de São Paulo

Fundada em 1962, a Fundação Bienal de São Paulo é uma instituição privada sem fins lucrativos e vinculações político-partidárias ou religiosas, cujas ações visam democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela criação artística. A Fundação realiza a cada dois anos a Bienal de São Paulo, a maior exposição do hemisfério Sul, e suas mostras itinerantes por diversas cidades do Brasil e do exterior. A instituição é também guardiã de dois patrimônios artísticos e culturais da América Latina: um arquivo histórico de arte moderna e contemporânea referência na América Latina (Arquivo Histórico Wanda Svevo), e o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, sede da Fundação, projetado por Oscar Niemeyer e tombado pelo Patrimônio Histórico. Também é responsabilidade da Fundação Bienal de São Paulo a tarefa de idealizar e produzir as representações brasileiras nas Bienais de Veneza de arte e arquitetura, prerrogativa que lhe foi conferida há décadas pelo Governo Federal em reconhecimento à excelência de suas contribuições à cultura do Brasil.

 

Sobre o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

     O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) é um centro cultural da Rede Pública de Equipamentos da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).

Serviço: Abertura 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível – Itinerância Fortaleza
Data: 10 de setembro (terça-feira)
Horário: 18h às 21h
Local: Cerimônia de abertura na Varanda dos Museus e vernissage no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (pela Entrada dos Museus, na Av. Presidente Castelo Branco S/N, esquina com a Rua Almirante Jaceguai, ao lado de Bece).
Acesso gratuito.
Visitações até 10 de novembro de 2024, de quarta a sexta, das 9h às 18h, e sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h, sempre com último acesso às 17h30.

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