PAOLLA OLIVEIRA ESTREIA “HERANÇA DE NARCISA” E LEVA TERROR PSICOLÓGICO E CRISES FAMILIARES AO FESTIVAL DO RIO
A segunda-feira, 6 de outubro, marcou uma das estreias mais aguardadas na Mostra Première Brasil: Competição Novos Rumos do Festival do Rio. A atriz Paolla Oliveira fez sua aguardada incursão no gênero de terror psicológico com “Herança de Narcisa”. O longa-metragem, dirigido por Clarissa Appelt e Daniel Dias, foi exibido no Estação Gávea e transformou a noite em uma profunda reflexão sobre traumas e maldições ancestrais.
A atriz, que vive a protagonista Ana, celebrou a exibição ao lado dos diretores e dos atores Pedro Henrique Müller e Rosamaria Murtinho, destacando o valor da arte e o trabalho de resistência da equipe.
O Terror como Metáfora para o Inconsciente
O filme acompanha Ana (Paolla Oliveira) em seu retorno ao antigo casarão da família após a morte da mãe, a ex-vedete Narcisa. Decidida a vender o imóvel, ela e seu irmão despertam traumas de infância e uma maldição ancestral, sendo forçada a confrontar a mágoa de uma relação tóxica e mal resolvida.
A diretora Clarissa Appelt explicou que o terror, apesar de pouco explorado no Brasil, é o gênero ideal para comunicar medos profundos: “É o gênero que mais se comunica com o inconsciente das pessoas. Ele permite a gente explorar metáforas de coisas muito reais, de medos muito reais.” A cineasta ressaltou que, apesar do público vir “esperando sentir medo”, o filme tem muito drama e espera que as pessoas saiam transformadas emocionalmente, não apenas assustadas.
O ator Pedro Henrique Müller, que interpreta o irmão de Ana, reforçou que o filme aborda questões universais: “O filme fala muito sobre questões que são muito nossas. São questões sobre família, sobre o feminino, sobre laços de irmandade, sobre os laços com a mãe. Quem não tem crise com os pais?”. Müller ainda comemorou a oportunidade de ver o cinema nacional se apropriar do gênero para criar um “terror brasileiro”.
O conceito inovador do projeto, que trata de uma “possessão pelas questões não resolvidas do relacionamento entre mãe e filha”, foi inspirado por clássicos do terror psicológico de 1940, como Cat People, e por filmes que exploram a decadência e o glamour da era de ouro das estrelas, como Sunset Boulevard.
Elogios do Elenco e a Missão da Arte
A veterana Rosamaria Murtinho, que também está no elenco, atestou a força do drama: “Eu fiquei com medo de mim. Mas o filme é muito bom. Paolla está ótima, é uma atriz maravilhosa. O filme interessa o tempo todo. A gente fica vidrado o tempo inteiro.”
Paolla Oliveira dedicou a noite aos colegas e ao Festival. A atriz afirmou que a arte é importante para além do entretenimento e da bilheteria, e ressaltou a gratidão a quem não desiste de fazer cinema e arte no Brasil. Ela completou dizendo que espera que o público se sinta conectado com a mensagem do longa, que é sobre cura e perdão. A atriz concluiu sua fala ressaltando que a história é sobre se conectar com o passado da melhor maneira que se pode, de perdoar, rever o nosso passado, de fazer as pazes consigo mesmo, mesmo nas condições de Ana.
“Herança de Narcisa” tem 85 minutos de duração e ainda contará com outras duas exibições no Festival:
- Terça-feira, 07/10: 16h, no Estação Rio (sessão seguida de debate).
- Quarta-feira, 08/10: 18h, no Cine Carioca José Wilker.